Pesquisa da USP aponta possibilidades de criação e experimentação de deficientes visuais em exposições artísticas
Atividade educativa da exposição Picasso e a Modernidade Espanhola, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, em 2015, foi o ponto de partida para pesquisa de mestrado sobre a acessibilidade em mostras de arte
Foi a partir de experiências junto a pessoas com deficiência, instituições culturais e equipes educativas que a artista visual e fotógrafa Karen Montija, que também é educadora e especialista em acessibilidade cultural, desenvolveu sua pesquisa de mestrado intitulada Picasso Pinta Feio: Proposta de acessibilidade à experiência estética com a arte por meio da mediação com pessoas cegas e com baixa visão em espaços culturais.
A dissertação foi apresentada no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e teve a orientação da professora Maria Christina Rizzi. O estudo teve como principal objetivo promover a integração e participação de pessoas cegas e de baixa visão em exposições de arte.
O estudo de Karen se dá em torno da criação e aplicação do que ela chamou de “Proposta de Acessibilidade e Experiência Estética (PAEE)” de exposições artísticas para deficientes visuais. A criação de uma experiência estética em artes visuais é, conforme o nome indica, pensada sobretudo para o público vidente, com espaço muito reduzido para outros sentidos.
“Por conta disso, as ações educativas para pessoas cegas em exposições de arte, tradicionalmente, acabam sobrepondo a informação à experiência estética”, conta a educadora. “A informação e a experiência estética não são rivais, elas têm que caminhar juntas, e não apenas uma ou a outra.”
O problema está em como proporcionar uma experiência estética a partir de uma obra que o visitante não consegue ver, ou seja, como fazer a obra de arte ser sentida. Para isso, a Paee propõe que sejam criadas novas formas de apresentar a obra. Ao invés de tentar fazer uma representação fiel da obra, são criadas possibilidades que exploram outros sentidos e perspectivas, como um enfoque histórico ou nas cores, por exemplo.
Obra interativa
“As pessoas com deficiência visual, muitas vezes, são impedidas de viver essa experiência estética, porque a maioria dos recursos disponibilizados são para suprir a falta do que ela não vê e não proporciona uma experiência estética.”
A pesquisa de Karen é motivada por algumas experiências pessoais. Uma delas, sobretudo, da relação com seu pai, Claudio Montija, que gradativamente foi perdendo a visão em decorrência da catarata, assim como pela sua atuação profissional em espaços culturais e em sala de aula.
Em sua passagem pelo Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro, Karen teve a oportunidade de trabalhar com a educadora cega Camila Alves e a monitorar exposições para pessoas cegas e de baixa visão. Logo em sua primeira monitoria para uma pessoa cega, ela conta que sentiu que sua forma de explicar as obras não funcionaram bem. O visitante expressou sinais de cansaço, o que a fez suspeitar que ela estivesse usando informações em excesso. Quando pensa nessa época, Karen acredita que tentava suprir a falta da visão, ao invés de se concentrar nas outras potencialidades que uma pessoa cega possui.
Em sala de aula, a pesquisadora fala sobre sua experiência com Guilherme, um aluno cego do ensino médio. Irônico, doce e bem humorado, ele parecia lidar bem com a falta de visão, lembra Karen. Dessa experiência, ficou marcada uma aula que preparou sobre o Egito antigo, em que produziu uma extensa apresentação de slides com imagens que, ao final, colocou boa parte da classe para dormir, inclusive Guilherme. Em outra oportunidade, ela recorda de aplicar uma avaliação da turma: enquanto ele fez uma prova de argila, o restante da turma realizou uma avaliação convencional. Ver Guilherme isolado da turma por conta de sua deficiência visual durante a prova gerou grande incômodo na educadora.
E foi dessas primeiras experiências, e ao longo de dez anos como educadora de propostas acessíveis, que Karen acumulou muitas questões sobre como desenvolver experiências estéticas e educativas que fossem bem recebidas por pessoas cegas e de baixa visão e a trouxeram ao mestrado na ECA.
“O nome da minha dissertação é Picasso Pinta Feio porque uma visitante cega disse que Picasso pintava muito feio, depois de utilizar um dos recursos que a gente tinha criado, que não era uma placa tátil, mas adereços que as pessoas vestiam e sentiam no próprio corpo a desfiguração humana que Picasso pintava”
Atualmente, a Paee está sendo aplicada no Instituto Gustavo Rosa, no Sesc São Paulo e no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. A dissertação também irá se tornar livro: encorajada pela banca, a pesquisadora enviou o trabalho para algumas editoras e, ainda neste primeiro semestre de 2024, terá sua obra publicada pela Editora Appris.
Para Karen, é importante que o trabalho realizado durante o seu mestrado não se restrinja a debates direcionados ao ambiente acadêmico. “O que me motivou a fazê-la [a dissertação] foi porque ela é o relato de um trabalho prático que foi realizado, que ainda acontece (…) O que eu quero dizer, é que ela não fica só no mundo da teoria, ela acontece na prática, é da prática que a gente tira nossas conclusões”, reflete e avalia a educadora.
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