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Fapesp apoia teste molecular que evita cirurgias desnecessárias de tireoide – Notícias de Batatais

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Fapesp apoia teste molecular que evita cirurgias desnecessárias de tireoide

Um exame diagnóstico de alta precisão para identificar e classificar nódulos de tireoide, desenvolvido por uma startup em Ribeirão Preto, no interior paulista, tem contribuído para evitar que pacientes com suspeita de câncer na glândula endócrina sejam submetidos a cirurgias e procedimentos desnecessários.

Disponível no mercado desde 2018 e já comercializado em mais de 30 países, o teste criado pela Onkos permite diferenciar nódulos benignos de malignos por meio de análises moleculares combinadas com ferramentas de inteligência artificial.

Apoiada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fapesp, a Onkos participará da sessão de palestras sobre inovação em saúde durante a FAPESP Week França, entre os dias 10 e 12 de junho em Toulouse. E foi uma das dez empresas convidadas pela Fundação para se apresentar no estande da Universidade de São Paulo (USP) na feira internacional VivaTech, um dos maiores eventos de tecnologia e de startups da Europa, que acontecerá entre 11 e 14 de junho em Paris.

A edição da VivaTech 2025 tem como abordagem as novas fronteiras da inovação em termos de tecnologia nas perspectivas econômica, geopolítica, social e ambiental. No ano passado, 165 mil pessoas visitaram os diversos estandes da feira.

A Onkos também entrou para a lista das 30 startups finalistas do “Innovation of the year” da VivaTech. A lista elege as startups expositoras no evento que demonstrem um alto nível de inovação e originalidade que as torne capazes de revolucionar o mercado e transformar seu setor de atividade. Os cinco finalistas são convidados a apresentar seus projetos durante a VivaTech, e o vencedor apresentará seu projeto durante uma cerimônia de premiação global, no dia 12 de junho.

“Hoje, entre 7% e 8% da nossa receita de vendas do teste é proveniente do exterior e estamos agora em uma fase de entrada justamente na Europa. A participação na VivaTech será extremamente importante para começarmos a entender o mercado europeu e o ambiente de inovação da França e conseguir estabelecer os primeiros contatos e parcerias para levar essa tecnologia que desenvolvemos no Brasil para o mundo”, diz à Agência FAPESP Marcos Tadeu dos Santos, fundador da empresa.

O exame molecular, batizado mir-THYpe, utiliza biomarcadores para confirmar ou descartar a presença de câncer em nódulos da tireoide que apresentam resultados indeterminados.

De acordo com Santos, a grande maioria dos nódulos é benigna, mas até 30% deles são classificados como “indeterminados”. Nesses casos, por segurança, o procedimento padrão é a cirurgia para extração da tireoide. No entanto, apenas 25% dos casos são malignos, o que significa que 75% das cirurgias em casos de nódulos indeterminados são potencialmente desnecessárias.

“Em alguns pontos da jornada do paciente oncológico ele se depara com o que chamamos de incertezas diagnósticas, que o induzem a ser submetido a procedimentos, cirurgias e tratamentos desnecessários. Identificamos algumas dessas lacunas e planejamos o desenvolvimento de exames diagnósticos usando biologia molecular e inteligência artificial para resolver o problema desses pacientes”, diz Santos.

Um estudo publicado no The Lancet Discovery Science demonstrou que o teste foi capaz de evitar quase 75% de cirurgias desnecessárias. “Estimamos que o teste já evitou a realização de pelo menos 4 mil cirurgias desnecessárias de retirada da glândula endócrina de pacientes com nódulos indeterminados, o que gerou uma economia de mais de R$ 7 milhões à saúde suplementar”, sublinha Santos.

Diferenciais competitivos

De acordo com o pesquisador, existem atualmente três tecnologias concorrentes do teste oferecido pela Onkos, desenvolvidas nos Estados Unidos. Um dos diferenciais competitivos do exame brasileiro, contudo, é o custo – um terço a um quarto dos valores praticados pelos competidores estrangeiros.

Outra vantagem do mir-THYpe é a dispensa da necessidade de refrigeração da amostra do tecido do nódulo para ser analisada. “Por essa razão, conseguimos trazer amostras de qualquer lugar do mundo para Ribeirão Preto e realizar os testes aqui”, afirma Santos.

Além disso, não é preciso que o paciente faça uma nova biópsia para realização do teste. “Para os outros testes, o paciente precisa voltar ao laboratório e fazer uma nova biópsia quando o nódulo é classificado como indeterminado”, compara.

A Europa é considerada um mercado promissor para o teste, uma vez que a European Thyroid Association (ETA) publicou uma recomendação oficial em 2024 para o uso de testes moleculares para definir o diagnóstico de nódulos de tireoide classificados como indeterminados, como o desenvolvido pela Onkos. Contudo, a solução ainda não está disponível no continente europeu.

“Por isso que estamos olhando muito para o mercado europeu agora, porque há uma demanda. Mas há uma série de aspectos regulatórios que precisamos transpor”, pondera Santos. A empresa vem conduzindo estudos clínicos do teste em países como a Inglaterra e a Espanha para validação do uso da tecnologia na população europeia. Por meio da viagem à França, Santos pretende estabelecer contatos com centros de pesquisa, hospitais e laboratórios no país para dar continuidade a esse trabalho.

De acordo com o pesquisador, a Onkos acabou de receber a acreditação do College of American Pathologists (CAP), selo de qualidade e excelência laboratorial mais rigoroso e importante do mundo, concedido a apenas outros 7 laboratórios brasileiros. “Isso mostra que estamos no caminho certo.”

“É preciso que outras deeptechs [startups de base científica e tecnológica] também façam esse movimento de internacionalização, que aprendam o caminho das pedras e possam voltar e ensinar os demais para que esse fluxo seja maior. Queremos parar de enviar soja e trazer iPhone do exterior”, diz Santos.

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