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Doença fez campeão do Paresp trocar de esporte aos 37 anos e virar recordista das Américas
A vida é feita de escolhas, e a de Eduardo Pereira foi certeira. Ex-jogador de handebol, ele foi acometido por uma doença que limitava os seus movimentos. Abandonou as quadras, mas não o esporte. Migrou para o arremesso de peso e se tornou um dos melhores do Brasil na modalidade.
“Sempre joguei handebol. Fui campeão paulista, brasileiro e cheguei à seleção brasileira de handebol de praia. Em 2016 estava em quadra e comecei a me desequilibrar. Em um primeiro momento achei normal, é o tipo de coisa que pode acontecer com um atleta. Mas com o tempo os sintomas foram piorando, comecei a ter perda de equilíbrio, espasmos. Procurei um especialista e, depois de muitos exames, recebi o diagnóstico: ataxia cerebelar de início tardio, uma doença que causa perda das funções motoras”, relembra Eduardo.
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A doença evoluiu e aos 37 anos Eduardo se via em uma cadeira de rodas. Deixar de praticar o esporte que sempre amou e que lhe abriu portas era a única opção. Mas Eduardo não baixou a guarda. Ele queria seguir competindo no alto nível. Foi aí que o atletismo deu as caras.
“Eu sou um cara grande, forte, então tinha que usar isso a meu favor. Em 2017 fiz a classificação funcional para arremesso de peso e lançamento de disco e me tornei elegível. Em 2018 comecei a competir”, lembra.
A estreia de Eduardo nos grandes palcos fez parecer que ele já pertencia a esse universo há muito mais tempo. Em sua primeira competição oficial, o Meeting Paralímpico, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (CTPB), em São Paulo, alcançou os 13.78 metros e quebrou o então recorde brasileiro no arremesso de peso.
“Tive dificuldades no início da transição [do handebol para o paratletismo]. Eu amava handebol e estava me inserindo em um modalidade em que tinha um conhecimento raso. Mas desde a minha primeira competição percebi que tinha talento para o atletismo, que podia brilhar”, conta.
E brilhou. Os títulos viraram rotina e Eduardo ganhava ainda mais respeito no circuito nacional e internacional. O ano de 2024 foi um marco na carreira, com o recorde das Américas (11.83 metros), a liderança do ranking mundial e a participação inédita nos Jogos Paralímpicos de Paris, onde ficou com a sexta melhor marca da final. “Até 2020 eu me dividia entre o atletismo e o cargo de técnico de handebol, mas preferi me dedicar exclusivamente ao atletismo porque via nele a chance de me aproximar da disputa de uma Paralimpíada, que sempre foi meu sonho.”
Na extensa galeria de medalhas e troféus, há um espaço reservado especialmente para os prêmios conquistados nos Jogos Paralímpicos do Estado de São Paulo (Paresp). São quatro ouros conquistados no arremesso de peso e no lançamento de dardo em duas edições, 2023 e 2025. Os pódios deste ano tiveram um ingrediente adicional, já que Eduardo esteve muito próximo de cavar uma vaga na equipe brasileira que competiu no Mundial de Atletismo Paralímpico de Nova Déli, na Índia, em período concomitante ao Paresp.
“Estava em preparação para o Mundial de Nova Déli, mas por 4 cm não me coloquei entre os cinco melhores índices do ranking brasileiro, o que me daria uma vaga na equipe. Encarei o Paresp como um Mundial. Disputei com a mesma vontade de ganhar como se estivesse na Índia, competindo contra os melhores do mundo”, destaca.
Em novembro, Eduardo tentará ampliar sua hegemonia na classe F34 do Paresp. Ele está classificado para a final estadual, que acontece entre os dias 6 e 9, no arremesso de peso e no lançamento de dardo.
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