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Do laboratório à veia do paciente: como os antídotos contra o metanol atuam no corpo e salvam vidas em SP – Notícias de Batatais

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Do laboratório à veia do paciente: como os antídotos contra o metanol atuam no corpo e salvam vidas em SP

O Governo do Estado de São Paulo estruturou uma ampla rede de resposta para atender pacientes com suspeita de intoxicação por metanol. A ação envolve a Secretaria de Estado da Saúde, hospitais de referência e farmácias hospitalares, com protocolos padronizados para diagnóstico, uso de antídotos e monitoramento clínico. O objetivo é garantir a identificação o mais breve possível dos casos suspeitos e o início imediato da terapia, reduzindo o risco de sequelas graves. 

A ação integra a mobilização do gabinete de crise montado pela administração estadual para enfrentar os casos de intoxicação por metanol no estado. Até esta sexta-feira (17), São Paulo registrou 38 casos confirmados e descartou 369. Outros 44 estão em investigação.

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O estado dispõe de dois antídotos para os casos confirmados: o álcool absoluto (etanol 99,5%) e o Fomepizol. Ambos os fármacos são de uso hospitalar e a sua administração é controlada pela Secretaria da Saúde, por meio da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF).

“O estado está preparado. Existe estoque suficiente, e a secretaria investe há anos em estrutura de resposta a desastres e emergências químicas”, afirma a coordenadora de emergência da Secretaria, Maria Cecília Damasceno.

O estado comprou 5,5 mil ampolas de álcool absoluto para os casos de intoxicação e o estoque atualizado é de cerca de 4 mil doses. Também foram viabilizadas pelo Ministério da Saúde 2,8 mil ampolas de Fomepizol – o estoque atual é de cerca de 2,5 mil.

Ela explicou que a intoxicação ocorre quando o organismo transforma o metanol em substâncias tóxicas, como o formaldeído e o ácido fórmico. Esses compostos atacam principalmente o sistema nervoso e podem causar cegueira ou levar à morte.O tratamento deve começar o quanto antes, com a administração de álcool absoluto (etanol 99,5% a 99,9%) por via intravenosa. 

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Como os antídotos funcionam no corpo do paciente?

“Esse álcool impede que o metanol se converta nesses metabólitos tóxicos, garantindo a chance de sobrevivência do paciente e reduzindo complicações neurológicas ou visuais”, detalha a médica. O Fomepizol age sobre a mesma enzima responsável pela metabolização do metanol. Ele é mais indicado em casos específicos, como gestantes, crianças e pacientes com doenças no fígado.

A distribuição foi organizada para cobrir todas as regiões do estado. “A CAF manipulou e adquiriu mais de cinco mil ampolas de álcool, distribuídas para grandes unidades hospitalares de referência, como Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto, Piracicaba e a Região Metropolitana de São Paulo”, explica a coordenadora. Hospitais municipais e privados também podem solicitar o antídoto, mediante comprovação da necessidade e protocolo clínico.

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Os antídotos são distribuídos a partir do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na capital. Lá, as solicitações de antídotos são avaliadas por uma equipe médica que verifica o quadro clínico do paciente e os exames laboratoriais enviados pelas unidades solicitantes. Essa triagem é importante porque o uso do medicamento só é indicado quando há alterações compatíveis com intoxicação, como distúrbios metabólicos, sintomas neurológicos ou visuais.

“Temos um fluxograma disponível na internet para as unidades que identificam suspeitas. Elas enviam uma ficha do paciente e exames básicos para triagem”, disse o médico emergencista Igor Veiga Silvério. “Assim, avaliamos se há indicação para uso do antídoto.”

Tratamento inicia com aplicação de dez ampolas de álcool absoluto

A quantidade de ampolas para o tratamento de cada paciente varia de caso para caso. O Hospital das Clínicas já recebeu 46 solicitações de antídotos, sendo 44 de etanol e duas de Fomepizol, com cerca de 340 ampolas de etanol já liberadas. “A dose de ataque inicial é de dez ampolas por paciente. Depois, conforme a evolução clínica, podem ser liberadas mais 30 ampolas para manutenção do tratamento e assim sucessivamente”, explica o médico.

Ele acrescenta que o tempo de terapia varia conforme a resposta clínica e os exames laboratoriais, e que, nos casos graves, o tratamento é associado à hemodiálise, que auxilia na remoção do metanol do sangue.

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A rapidez no atendimento é essencial. “O metanol por si só não é tóxico, mas se transforma em substâncias letais quando metabolizado. Por isso, tanto o etanol quanto o Fomepizol atuam bloqueando essa transformação. O início da terapia precoce faz toda a diferença na recuperação do paciente”, ressalta Silvério.

Tanto a Secretaria de Estado da Saúde quanto o Hospital das Clínicas mantêm monitoramento diário de estoques e solicitações. “Temos suprimento adequado e acompanhamento constante das demandas”, diz Silvério. “O estado tem nos fornecido suporte e tratamento em tempo hábil para todos os casos identificados.”

Veja a lista de unidades de distribuição dos antídotos contra metanol

Essas são as unidades de referência para solicitação de ampolas de álcool absoluto para casos suspeitos de intoxicação por metanol no estado: Santa Casa de Araçatuba, Santa Casa de Barretos, PS Central de Bauru, Hospital das Clínicas da UNICAMP, Hospital das Clínicas de Marília, Hospital Regional de Piracicaba, Hospital Regional de Presidente Prudente, Hospital Regional de Registro, Hospital Pariquera, Hospital das Clínicas da USP Ribeirão Preto, Hospital de Base (São José do Rio Preto), Santa Marcelina Itaquera, Hospital Municipal Campo Limpo, Santa Casa de São Paulo, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), Hospital Luzia de Pinho Melo, Hospital Rota dos Bandeirantes, Hospital Mário Covas (ABC), Conjunto Hospitalar de Sorocaba, Hospital Regional de São José dos Campos, Hospital Regional do Litoral Norte e Hospital Guilherme Álvaro. Já as doses de Fomepizol são enviados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP na capital e do Hospital das Clínicas da Unicamp.

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